Como foto de coleção, indicamos este interessante vagão, projetado e fabricado inteiramente no Brasil pela antiga Companhia Industrial Santa Matilde, na sua fábrica de Três Rios-RJ nos anos1970 para transporte de transformadores elétricos de grandes dimensões e peso. Sob o ponto de vista estrutural, como tudo que faz referência à ferrovia, poderiamos dizer que ele é o primor do equilíbrio já que a distribuição de esforços tem que ser muito bem estudada e definida para evitar pontos de instabilidade.
No transporte ferroviário, sempre lembramos que uma estrutura só pode ser considerada como satifatória no caso dela também ser aprovada sob o aspecto dinâmico. A relação de força vertical (V) e força lateral (L) sobre as rodas, conhecida como relação L / V precisa ser plenamente entendida e controlada para que não hajam problemas de inscrição, tombamento, etc.
Na realidade, este vagão é a conjunção de vários projetos, ou seja, as plataformas de cabeceira serão a responsáveis por descarregar sobre os truques, o peso da estrutura central e de sua carga. Absolutamente todas as suas 24 rodas precisam receber a mesma carga vertical (V). Enquanto ele estiver parado, haverá somente a resistência calculada para distribuir as forças tanto ao lado direito quanto ao lado esquerdo, sendo de responsabilidade do engenheiro ferroviário a melhor solução estrutural para esta finalidade.
Ocorre porém, que quando este vagão for movimentado, as cargas laterais (L) sobre as mesmas rodas começarão a influenciar na sua estabilidade. Não pense o querido amigo que nos lê, que este vagão somente poderá trafegar a muito baixa velocidade. Ele foi projetado para integrar um trem normal já que possui sistema de freios atuante (um em cada plataforma extrema) e componentes de choque e tração de capacidade compatível. Igualmente seus truques possuem componentes usuais na manutenção ferroviária para que a vida útil do conjunto seja garantida. Quando ele foi posto em serviço decidiu-se por fazer um trem especial em função das linhas ainda com pouco suporte, mesmo na bitola de 1,60m.
Fica portanto aqui registrado o vagão plataforma rebaixado de grande capacidade, que hoje receberia a sigla PRU ou até mesmo PRV, sendo este um caso à parte da normalização NBR existente. No caso, como os eixos deste projeto tinham 30 t de capacidade unitária, teríamos uma possibilidade de peso bruto máximo de 360 t sobre trilhos.
Não sei se este vagão continua a existir ou se já foi sucateado. De qualquer forma, presto minhas homenagens aos meus mestres que o conceberam e me mostraram que o Brasil poderia ser uma potência ferroviária, fato que não ocorreu em função da incapacidade / incompetência dos que decidem sobre nossos meios de transporte.
NOTA: Caso a foto não possa ser visualizada em todo o seu tamanho, peço aos que quiserem receber uma cópia específica, que façam contato através dos meios aqui indicados. OK? Abraços