Ontém, por questões de trabalho, estive em Curitiba na sede da nova Rumo-ALL. Inicia-se um novo período para aquela ferrovia e com ele oportunidades de negócios. Durante esta visita, tive a satisfação de estar reunido com meu antigo e querido amigo Luiz Henrique Hungria, ou apenas Hungria, como ele mesmo gosta de ser chamado. Conheço o Hungria há mais de 30 anos quando ambos, ainda jovens, trazíamos no olhar toda a vontade de ver a ferrovia crescer e estar em um cenário de importância na matriz de transporte do Brasil o qual de certa forma nós dois nos tornamos um pouco descrentes. Tantas lutas e esperanças derrubadas por questões políticas que ainda prejudicam nossa evolução!!
Durante o almoço que tivemos, estávamos conversando sobre a continuidade do conhecimento técnico ferroviário tão difícil de ser obtido já que “convenientemente” esquecemos nossas ferrovias no final dos anos 50, trocando-a por um punhado de faixas de asfalto que renderam muito dinheiro e votos. Ainda rendem…….
Hungria tem o sonho de ter um livro publicado sobre a técnica da operação ferroviária de forma real e totalmente baseada na física e com demonstrações matemáticas de como um trem realmente se comporta no campo. Um trabalho excelente!!! De minha parte compartilho o mesmo sonho, embora ele já comece a se materializer por meio deste site.
Ver um trem com olhos técnicos é uma raridade já que aqui nos acostumamos a vê-lo apenas nas TVs como coisa romântica e ligada ao passado. Um trem, como hoje necessitamos dele, é muito mais que isso. Dinâmica, cinemática, estabilidade, são palavras que precisam ter ressonância nos ouvidos dos jovens engenheiros ferroviários. Não somente gerenciamento, faturamento ou metas…
Cabe ás nossas Universidades o papel de criar e manter cursos de graduação que tenham a Engenharia Ferroviária como opção regular para os jovens engenheiros brasileiros. Sei de muitos que gostariam de seguir este caminho mas desconhecem como faze-lo ou mesmo como estudar e se preparar, já que não há qualquer literatura nacional e mesmo a estrangeira que é limitada está pouco acessível.
As ferrovias e a indústria nacional igualmente se ressentem desta mão de obra tão carente e necessária, tendo que formá-la internamente por longos anos e à custa de muita vontade. Acordemos para esta necessidade e procuremos deixar de lado um pouco do nosso jeito de muito falar, prometer e pouco fazer pela educação no Brasil.
Nossas Ferrovias merecem !!! Nosso País merece !!!